" Pontes de Amor"

Sobre

Um grupo Com a missão de incentivar e apoiar a adoção legal, promovendo saúde intra e inter relacional em famílias adotantes e crianças em acolhimento.
Missão
Apoiar e incentivar a adoção legal, promovendo saúde intra e inter relacional em famílias adotantes e fomentando maior consciência e prática social no que tange à adoção por meio de amor, envolvimento, compromisso e relacionamento.
Descrição
Somos um grupo de apoio à adoção; entidade civil sem fins lucrativos, que atua principalmente em Uberlândia e Triângulo Mineiro, em consonância com a Vara da Infância e da Juventude e Órgãos e Conselhos de Direito da Criança e do Adolescente, filiada à Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (ANGAAD).

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quinta-feira, 9 de agosto de 2012


Discriminação ainda prevalece nas adoções

Arthur Fernandes Jornalista - Correio de Uberlândia em 05/06/2011


O casal Carlos Alberto e Maruslena Borges é uma dupla excessão. Eles têm duas filhas que foram adotadas com mais de 10 anos.
Atualmente, 208 crianças e adolescentes vivem nos nove abrigos de Uberlândia à espera de uma família que os adote. Por outro lado, existem 109 pretendentes inscritos atualmente no cadastro para adoção de filhos, só que nenhum deles tem interesse em crianças com mais de 3 anos de idade. Um problema, tendo em vista que mais de 70% dos 49 menores hoje legalmente aptos para a adoção têm idade superior ao desejado pelos candidatos a adoção.
Além de tudo, o processo caminha devagar. Apesar das mais de 100 pessoas na fila de espera e das quase 50 crianças e adolescentes legalmente aptos para adoção, de janeiro a abril deste ano, houve só três adoções registradas pela Vara da Infância e Juventude de Uberlândia. Outras oito famílias tiveram a guarda temporária fornecida pela Justiça.
Considerando as 49 crianças já destituídas dos pais biológicos e aptas para adoção em Uberlândia, dentre as mais de 200 que estão na espera de por uma família que as leve para casa, 35 delas têm 5 anos ou mais, o que é um problema. “Nós temos muitas crianças para serem adotadas, que estão aptas, mas os candidatos não querem o perfil”, disse a juíza da Vara da Infância e Juventude, Édila Moreira Monosso.
Outro fator de empecilho para a concretização das adoções, que faria a fila andar literalmente é a preferência da expressiva maioria dos candidatos por crianças de cor branca. Os dados de Uberlândia apontam que 40% dos candidatos a adotantes querem filhos brancos com até 1 ano de idade e 20% aceitam adotar somente crianças brancas de até 3 anos.

Discriminação

A preferência por crianças negras de até 1 ano de idade é de 10% e com até 3 anos e de pele negra é de 5%. Na faixa etária dos 3 aos 4 anos, o porcentual de interesse pela adoção de crianças negras cai para 2%. Entretanto, entre 60% e 70% dos menores abandonados em Uberlândia e que estão em condições legais de adoção têm a pele preta ou parda. “Geralmente, os candidatos preferem crianças brancas, recém-nascidas ou de até, no máximo, 3 anos de idade, saudáveis, e eles ainda definem sexo”, afirmou a juíza da Vara da Infância e Juventude, Édila Moreira Monosso.

Casal espera por mais de seis anos

O vendedor Helder Schaden é um dos 109 candidatos a adotantes em Uberlândia que fizeram a escolha do perfil baseada na pouca idade, no sexo e na cor da pele da criança. Ele e a mulher Célia Lúcia de Jesus querem uma menina branca com até 2 anos de idade e, de preferência, recém-nascida. “A gente acha que vai ter mais facilidade para educar”, afirmou.
Diante da dificuldade em achar uma criança com este perfil, eles estão há seis anos na fila de espera. De família de origem alemã, o vendedor afirmou que a cor da pele parecida com a do casal seria uma maneira de mais bem adaptar a criança ao novo lar e aos novos pais. “Queremos que ela seja mais parecida com a gente. Vamos contar que ela é adotada, mas achamos que será mais fácil para ela”, disse.
A Lei da Adoção dá preferência para casais que queiram adotar irmãos, o que, segundo a juíza da Vara da Infância e Juventude, também é raro em Uberlândia. “A gente tem que acolher grupos de crianças, com cinco, seis filhos. A maioria vem de família com pais com problemas com drogas. A lei dá prioridade para a adoção conjunta dos irmãos, essa é outra dificuldade que temos, porque os candidatos não aceitam grupos de irmãos. Eles querem uma ou, no máximo, duas crianças”, afirmou a juíza Édila Moreira Monosso.
O casal Carlos Alberto Ferreira Borges e Maruslena Nunes Borges é uma dupla exceção à regra quando o assunto é adoção. Eles têm duas filhas adotadas e ambas foram acolhidas quando já tinham mais de 10 anos e uma delas é negra. Maria Luiza Nunes Borges, 18 anos, foi a primeira a ser adotada pelo casal, quando tinha 10 anos. Há quatro anos, o controlador de tráfego e a vendedora resolveram ter mais uma filha adotada. Por coincidência, adotaram uma amiga de Maria Luiza na época de convivência no abrigo. “Peguei a Marcela quando ela tinha 13 anos”, afirmou.

Poucos são os casais que não fazem restrição para ter um filho

Osney e Maria Alice têm três filhas; duas delas adotadas
Um por cento dos interessados em adotar uma criança em Uberlândia não tem restrição em pegar uma menina ou menino com problemas de saúde para criar. Já o casal de advogados Osney Rodrigues da Silva e Maria Alice Dias Costa optou por adotar duas crianças com síndrome de down. Pais biológicos da garotinha Clara, 5 anos, que é portadora da necessidade especial, eles adotaram o bebê João Victor, com 1 ano incompleto, e a sapeca Amanda, 2 anos.
A advogada afirmou que foi uma coincidência a adoção de dois filhos com a mesma doença da filha biológica. “Demorei a ter filhos, coisa da mulher moderna, profissional, e tive problemas de fertilidade. Tivemos a Clara e descobrimos a síndrome de down quando ela nasceu. Nem pensávamos em adotar, quando ficamos sabendo que a Amanda foi deixada no hospital pela mãe”, afirmou. Em dezembro do ano passado, a juíza da Vara da Infância contou ao casal de advogados sobre o caso do pequeno João Victor, que também fora abandonado. “Ele ficava com o oxigênio ligado 24 horas. Agora é esse dengo”, afirmou, mostrando o sapatinho com o emblema do Vasco da Gama. “Eles nos ensinam mais do que ensinamos a eles. Me sinto uma pessoa melhor depois dos três”, afirmou a Maria Alice Dias Costa.

Perfil do candidatos inscritos no Cadastro de Adoção em Uberlândia

40% querem criança branca com até 1 ano de idade
10% querem criança negra de até 1 ano de idade
20% pretendem adotar criança branca de até 3 anos de idade
5% pretendem adotar criança negra com até 3 anos de idade
0% tem intenção de adotar crianças com mais de 4 anos de idade
7% são propensos a adotar criança branca com idade entre 3 e 4 anos.
2% têm propensão de adotar criança negra na faixa etária dos 3 aos 4 anos

Um comentário:

  1. Esperamos que com o tempo a nossa atuação enquanto Pontes De Amor Grupo de Apoio À Adoção possa gerar um "desafogar" no serviço técnico da vara da Infância e acelerar um pouco mais estes processos. Por outro lado, o que acha de aproveitarem este tempo de "gestação" para desenvolver leituras que vão fortalecer vc e seu esposo e capacitá-los na contrução de vínculos que está por vir com estes filhos já tão amados e desejados?

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